domingo, 26 de junho de 2011

ÍNDIOS E PORTUGUES
Objetivo: refletir sobre os fatos, contexto e interesses que motivaram os acontecimentos históricos que levaram à chegada dos portugueses ao Brasil e ao desinteresse de Portugal pelas terras brasileiras nos primeiros anos do período colonial.

       Ao desembarcarem no Brasil, os portugueses perceberam que a terra não estava desocupada: habitavam-na vários povos a quem eles denominaram índios. Os índios não formavam um só povo, mas vários povos.
      Após algum tempo na nova terra, os portugueses começaram a trazer da África centenas e, depois, milhares de indivíduos que tinham de trabalhar de maneira forçada. Da mesma forma que os índios, os africanos também não constituíam apenas um povo, pois foram trazidos de vários lugares da África.
      Logo podemos entender que após, o descobrimento, diferentes povos passaram a conviver no Brasil. Eram eles europeus, indígenas e africanos. E, a partir desse convívio, muitos indivíduos começaram a se unir e gerar descendentes.
      Um europeu, ao se unir a uma índia, podia gerar um filho que não era nem apenas europeu, nem apenas índio, mas um mestiço, ou seja, um indivíduo cujos pais são de etnias diferentes. A tal mistura dá-se  o nome de miscigenação.
      Da mesma maneira, da união de um europeu e uma africana nascia um individuo mestiço. Os resultados diretos dessa miscigenação foram:

 BRANCO + ÍNDIO= CABLOCO OU MAMELUCO
BRANCO + NEGRO= MULATO
NEGRO + ÍNDIO= CAFUZO
     Enfim, os mestiços uniam-se a outros mestiços e, assim, geravam inúmeras formas de miscigenação.Essa miscigenação de que falamos não ocorreu de uma hora para outra, mas constituiu um processo desenvolvido ao longo dos cerca cinco séculos de nossa história. Entres suas conseqüências pode-se afirmar que, em algum momento, os indivíduos nascidos no Brasil já não se sentiam mais europeus, indígenas ou africanos, mas sim brasileiros.
      Mais recentemente, entre os séculos XIX e XX, indivíduos vindos de diferentes partes do mundo (como alemães, chineses, italianos, espanhóis, japoneses e libaneses, entre outros) misturaram-se com os brasileiros e originaram novas formas de miscigenação.
Quando desembarcou no Brasil com sua esquadra, em 1500, Cabral encontrou os índios tupi-guaranis que viviam no litoral. Esse trecho da Carta de Pero Vaz de Caminha, escrivão que registrou a viagem de Cabral, relata o primeiro encontro.
      A feição deles é parda, um tanto avermelhada, com bons rostos e bons narizes, bem feitos. Andam nus, sem nenhuma cobertura. Não fazem o menor caso de encobrir ou de mostrar suas vergonhas, e nisso têm tanta inocência como mostrar o rosto.(...) Deram-lhe comida: pão e peixe cozido, doces, bolos, mel e figos passados. Não quiseram comer quase nada e,  alguma coisa o provavam, logo cuspiam. Trouxeram-lhes água numa caneca. Não beberam. Apenas bochecharam e logo lançaram fora .(...) Não comem senão desse inhame, de que há muito aqui, e dessas sementes e frutos que a terra e as árvores produzem.”
PRIMEIRAS EXPEDIÇÕES
      Portugal não estava preocupado com a colonização desse novo território. Sua meta era o comércio oriental, as Índias. Os lucros conseguidos no comércio de especiarias levaram Portugal a colocar o Brasil num plano secundário de sua política, enviando pra cá apenas expedições temporárias. Como não houve um trabalho efetivo de Portugal com relação ao Brasil, os primeiros trinta anos após a chegada dos portugueses (1500 a 1530) receberam a denominação de PERÍODO PRÉ-COLONIAL.
  • EXPEDIÇÕES EXPLORADORAS
1ª Expedição (1501): comandada por Gaspar de Lemos, com participação de Américo Vespúcio. Chegou ao Brasil na altura do Rio grande do Norte e, costeando o país, denominou uma série de acidentes geográficos: Cabo de Santo Agostinho, Rio São Franscisco, Baía de Todos os Santos, Rio de Janeiro, etc. Verificou que o Brasil não era uma ilha, batizando de Terra de Santa Cruz.
2ª Expedição ( 1503): comandada por Gonçalo Coelho, contou também  com a presença de Américo Vespúcio . Tocou o Brasil na Ilha de São João, que mais tarde foi chamada de Fernando de Noronha. Ai a nau capitania naufragou e a expedição se dividiu. Américo Vespúcio viajou rumo ao Sul, fundando uma feitoria e um forte em Cabo Frio. Organizou a primeira entrada ao interior do Brasil. Depois de alguns meses, carregou seus navios de pau-brasil e regressou a Lisboa. Gonçalo Coelho, ao que tudo indica, também atingiu o Rio de Janeiro, regressando, em seguida, a Portugal.
  • Expedições guarda-costas
        Os produtos brasileiros,particularmente o pau-brasil, cujo lucro era considerável, despertavam grande interesse nos europeus, principalmente nos franceses, que passaram a fazer incursões ao nosso litoral. Essa ameaça constante, com a presença de corsários, fez com que Portugal organizasse um sistema de defesa e proteção – as expedições guarda-costas. A primeira chegou em 1516, comandada por Cristóvão Jaques, que lutou e aprisionou navios franceses em vários pontos da costa. Regressou a Portugal em 1519 e voltou ao Brasil em 1526.
  • EXPEDIÇÃO COLONIZADORA
Como, a partir de 1530, o comércio português entrou em decadência nas Índias e como, nessa época, a Espanha já havia descoberto ouro e prata em suas colônias americanas, Portugal resolveu mudar de atitude em relação ao Brasil: em vez de mandar expedições exploradoras temporárias, enviou, e 1530, uma expedição colonizadora chefiada por Martim Afonso de Souza. Os objetivos dessa expedição eram:
-  fundar núcleo de povoamento e de defesa
- combater os corsários franceses
- explorar o litoral até o Rio da Prata
Suas principais realizações foram:
- Ataque aos corsários franceses  em Pernambuco
- Exploração da costa do Maranhão por Diogo Leite
- Exploração do Rio da Prata por Pero Lopes de Souza
- Fundação da Vila de São Vicente (1532), primeira vila do Brasil, por Martim Afonso de Souza. Inicio da agricultura da cana-de-açúcar no Brasil. Essa realização fez parte do comércio mundial, sendo a maior riqueza da Colonia. Construiu o primeiro engenho (Engenho do Governador).
     Em 1533, Martim Afonso voltou para Portugal e confiou o governo da Vila de São Vicente ao Padre Gonçalo Monteiro.
CAPITANIAS HEREDITÁRIAS

        Portugal precisava de outras fontes de riquezas e voltou os olhos para o Brasil, principalmente depois de saber que tinha sido encontrada grande quantidade de minerais preciosos no México e no Peru. Além do mais os franceses, que não recolhiam o Tratado de Tordesilhas, vinham constantemente à costa brasileira para recolher pau-brasil, que antes era importando do Oriente pelos europeus.
      Portugal enviou ao Brasil uma expedição comandada pro Cristóvão Jaques com o objetivo de expulsar os franceses, e estes tiveram alguns navios afundados. Mas não se intimidaram e prosseguiram a contrabandear o pau-brasil. Tornou-se evidente ao rei de Portugal que o remédio seria colonizar a nova terra. E, assim, Martim Afonso de Souza embarcou para o Brasil em 1530 e fundou, em 1532, a Vila de São Vicente.
      Antes da expedição de Martim Afonso de Souza, que tinha chegado ao litoral de Pernambuco, perseguiu os franceses. Depois, com a intenção de explorar e colonizar, dividiu-se, seguindo uma parte pra o norte e outra, com Martim Afonso, para o Sul.
      Quando Martim Afonso ainda se encontrava em sua missão, D. João III decidiu, em 1534, implantar, em suas novas terras, o sistema de Capitanias Hereditárias. Esse sistema consistia em dividir o Brasil em quinze faixas horizontais, doadas para quem quisesse explorá-las por conta própria, ficando submetidas apenas às ordens diretas do rei. Cada um desses lotes recebeu o nome de Capitania. Os responsáveis pelas capitanias eram chamados donatários e eram pessoas consideradas da maior confiança do rei. Essas capitanias eram ditas hereditárias porque passavam de pai para filho, na forma de herança.
      Os donatários tinham responsabilidade de desenvolvê-las com seus próprios recursos financeiros. Eles possuíam também muitos direitos, tais como: cobrar impostos, exercer a justiça estabelecida pelo rei, receber parte dos tributos da exploração da terra e doar terras para quem quisesse cultivá-la, morar nela e pagar impostos ao rei.
      Esse sistema passou por várias dificuldades, entre elas:
  • A falta de recursos financeiros dos donatários
  • A distancia entre o Brasil e Portugal
  • Os ataques freqüentes dos índios
  • A falta de pessoas para trabalhar na lavoura
  • A grande extensão de terra da capitania
     Por esses motivos, os sistema de capitanias não deu certo, e só as capitanias de Pernambuco e São Vicente prosperaram. No final da década de 1540, estava claro que a colonização não seria fácil. Com isso, a Coroa Portuguesa resolveu criar o Governo-geral, que deveria:
  • Centralizar a administração
  • Defender a costa brasileira de ataques estrangeiros
  • Fiscalizar as capitanias
  • Garantir lavoura açucareira
     Portugal já conhecia a cana-de-açúcar há muito tempo e já tinha experimentado o seu cultivo: fazendas foram criadas na ilhas atlânticas dos Açores e da Madeira.

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