A maior riqueza que um pai pode deixar para seus filhos é uma vida regada de bons exemplos. Pais são reflexos na vida dos filhos. Se o reflexo não for de coisas boas, não dá para exigir coisas boas mais tarde. Afirmo sem medo de generalizar: os erros dos pais tornam-se também erros nos filhos. Um pai que faz algo de ruim hoje está, de certa maneira, ensinando o seu filho a repetir os mesmos erros amanhã.
Toda criança aprende observando as pessoas mais próximas. É o chamado processo de socialização. Gestos freqüentes são copiados como princípios de vida. A criança ainda não consegue distinguir o que lhe fará bem ou mal, por isso tem como primeiros “heróis” o pai e a mãe. Enxergam nestes um ponto de apoio que lhes indicarão o melhor jeito de encarar a vida. Quando estes “heróis” vivem uma vida fracassada, contribuem para que os filhos tenham o mesmo fim.
Acho perfeita a definição de Lou Marinoff no livro Pergunte a Platão (editora Record,2008): “a criança precisa primeiro ser amada em casa e depois lutar no mundo”. É dentro de casa que a criança aprende a ser gente. São os pais que despertam nos filhos a importância de se sentir amado, aceito e acolhido pelas pessoas. Pais desligados para a vida, criam filhos desligados para o amor.
Sinto falta de presenciar cenas em que os pais acariciam a cabeça dos seus filhos, beijam-lhes a face e dizem palavras de carinho aos seus ouvidos. Uma criança que não se percebe amada em casa fica carente. Pessoas carentes ficam vulneráveis demais. Quando crescem, não conseguem distinguir aquilo que lhe fará bem ou mal. Dizem que o mundo está cheio de péssimos exemplos. Até certo ponto é verdade. Mas também acho que em muitas casas se aprende os erros que mais tarde serão encenados nas ruas.
Se os pais cuidarem de si estarão ao mesmo tempo cuidando também dos filhos. Estamos cansados de criticar, castigar e retirar coisas das crianças para mudar-lhes o comportamento, mas sem resultados positivos. Um pai que não sabe se humanizar não consegue chegar até o coração das crianças. Humanizar-se é perceber sua fragilidade e voltar atrás quando perceber que errou. É chorar com o filho que chora. É contar-lhes histórias de superação. Enfim, um bom pai e uma boa mãe são aqueles que mesmo cheios de defeitos, lutam para passar para os filhos o melhor de si.
Paulo Franklin
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